É habitual ouvir as pessoas afirmarem que não investem em produtos financeiros porque não têm tempo para acompanhar o mercado.
Mas será assim tão importante ter tempo para acompanhar?
Teremos mesmo de saber em tempo real o que se passa?
A ideia que poderemos ter alguma surpresa no caminho é um sinal de desconforto que nos impede de tomar as melhores decisões.
E é este um dos motivos que leva um investidor, uma família, ou uma empresa, a delegar essa difícil tarefa de decidir a outra pessoa, com toda a confiança: faça como se fosse para si!
Esta afirmação é arriscada e imprudente. Somos todos diferentes e na forma de poupar e investir somos mesmo muito diferentes.
O valor da informação é de facto incalculável mas cria em nós o sentimento de que dia após dia estamos pior, que não podemos confiar em ninguém e que o melhor é tirar o dinheiro dos bancos. Criamos facilmente sentimentos opostos e às vezes sem razão aparente.
Se alguém com uma determinada posição em ativos financeiros a 31 de dezembro de 2015 fosse consultar a sua posição a 31 de janeiro de 2016 certamente teria um choque. Nessa altura, com receio, talvez tivesse tomado a decisão de vender parcialmente ou totalmente os ativos para, segundo ele, evitar maiores perdas.
Contudo, se essa mesma pessoa, não tivesse consultado a sua posição a 31 de janeiro mas sim a 31 de dezembro (1 ano depois), a sensação seria certamente diferente mas para melhor. Imaginando que teria investido no mercado uma posição diversificada em ações e obrigações, o resultado seria positivo.
É claro que nem sempre é assim. Mas este exemplo básico e concreto serve para analisarmos o outro lado, o lado passivo de uma aplicação ou de uma poupança e a necessidade de delinear uma estratégia de investimento.
Talvez, uma das principais funções de um consultor para investimento seja a de evitar decisões precipitadas. A informação tem de estar disponível, é um valor sagrado, mas as nossas decisões devem ser sempre pensadas. Não com base em informação em tempo real mas com base em princípios e políticas definidas previamente. O consultor para investimento deve ser o garante desses princípios.
Contudo, para o mais comum dos mortais, temos de reconhecer, em tom de brincadeira, que há valor no desabafo: the less I know the better!